HISTÓRIA DO GRUPO SENZALA

O grupo Senzala começou na década de 1960 com um grupo de garotões no Rio de Janeiro. Os irmãos Paulo Flores e Rafael Flores foram passar férias em Salvador quando tinham 14 e 15 anos de idade e lá se matricularam por dois meses na academia de Bimba. Após estes dois meses, de volta ao Rio, começaram a treinar o pouco que sabiam no terraço do edifício onde moravam em Laranjeiras. Muitas pessoas iam assistir aos treinos e o primeiro a aparecer e ficar foi o Fernando (atual Mestre Gato). Mais tarde ficaram sabendo que um rapaz chamado Cláudio “Brasília” ou Cláudio Danadinho como é conhecido hoje em dia, estava ensinando capoeira na garagem do seu edifício a um amigo chamado Peixinho (atual Mestre Peixinho) que aderiu ao grupo. Nesta época, o grupo recebeu mais dois membros, dois moleques que moravam na favela, o Garrincha (atual Mestre Garrincha) e o Sorriso (atual Mestre Sorriso). Foi a primeira contribuição do morro no grupo, pois até agora os treinos eram formados exclusivamente por garotões brancos de classe média, moradores da zona sul do Rio de Janeiro. Logo depois, entrou o irmão do Gato, o atual Mestre Gil Velho. Nesta época, o síndico do prédio onde treinavam proibiu os treinos, pois, de tanto treinar bênção na parede, eles tinham rachado o muro do terraço. Sem lugar para treinar, eles foram obrigados a conhecer outras academias e outros capoeiristas do Rio de Janeiro como Valdo Santana na Cinelândia e um reduto de capoeira na Praça Mauá onde o pessoal do subúrbio do Rio treinava. Finalmente, o Helinho, que morava no Cosme Velho, começou a participar das atividades da turma, que na época nem nome tinha, e os treinos foram transferidos para a casa dele. Após dois anos de treino, os mais antigos do grupo, com o pouco que sabiam, começaram a ensinar aos outros que chegavam. Nesta época apareceu para treinar o Itamar (atual Mestre Itamar), o Nestor (atual Mestre Nestor Capoeira – que anteriormente era aluno do Mestre Leopoldina – o Mestre Leopoldina faleceu em outubro de 2007) e vários outros que hoje em dia não estão mais na capoeira. Neste mesmo período a turma começou a fazer apresentações e em uma destas apresentações o grupo escolheu um nome “Senzala” e resolveu usar uma corda vermelha amarrada na cintura. Aos poucos, a Senzala foi unindo as metodologias de treinos que eles mesmos criavam com os fundamentos e treinos dos capoeiristas que haviam conhecido da velha-guarda. Suas influências eram, na Bahia, a turma do Mestre Bimba (capoeira regional), a turma do Mestre Pastinha (capoeira angola) e Valdemar da Paixão. No Rio de Janeiro suas influências eram Mestre Leopoldina, Cláudio Danadinho, Valdo Santana e muitos outros malandros e capoeiristas da época. Em 1967 foi criado o Berimbau de Ouro, um prêmio que seria entregue ao melhor grupo de capoeira. A Senzala ganhou o 1º, o 2º e o 3º Berimbau de Ouro, conquistando em 1969 este prêmio permanentemente. Foi através deste prêmio que o grupo Senzala ficou conhecido em todo Brasil. Pouco tempo depois, a casa do Cosme Velho foi vendida e a Senzala se transferiu para Botafogo (salão da associação dos Servidores Civis). Nesta mesma transição, alguns cordas vermelhas resolveram abrir sua própria academia se espalhando pelo Rio de Janeiro.Vários grupos de capoeira surgiram após o grupo Senzala. O Mestre Boneco, do grupo Capoeira Brasil, era aluno do grupo Senzala que resolveu montar o seu próprio grupo. A mesma coisa aconteceu com o grupo Abada Capoeira. O mestre Camisa era do grupo Senzala que também resolveu montar o seu próprio grupo. Hoje em dia, a capoeira Senzala está no mundo inteiro, professores e mestres do grupo estão morando e construindo trabalhos significativos na Europa, América do Norte, Ásia e outros lugares.